Após a queda do regime repressor, o apartheid, em 1990, a indústria vinícola da África do Sul renasceu. Em poucos anos, seus vinhos conquistaram o mundo, graças ao talento, a competência e a resiliência dessa gente obstinada e incansável. Tenha certeza, vem muito mais novidades por aí.
WELCOME TO THE WINES OF SOUTH AFRICA
É inegável o incentivo que Nelson Mandela dedicou aos vinhos sul africanos, fundamento de toda estrutura política que era necessária para o reerguimento e recolocação da indústria vinícola do Cabo da Boa Esperança no mercado internacional.
O incentivo à produção, a expansão dos vinhedos, a abertura para a crescente utilização de inovações tecnológicas e a preocupação constante com uma qualidade diferenciada, refletem notadamente a excelência de seus vinhos.
O mercado internacional comprova esses fatos. A indústria vinícola sul africana está entre as dez maiores produtoras e exportadoras do mundo e os dados econômicos são ainda mais animadores. As perspectivas de crescimento impulsionam fortemente a indústria regional e motivam novos investimentos.
Muitos investidores estrangeiros se estabeleceram na região do Cabo e contribuem com a grande arrancada da vinicultura sul africana.
A África do Sul está localizada no extremo sul do continente Africano. Portanto, grande parte das regiões vinícolas do Cabo recebe a influência dos oceanos, tanto do Atlântico como do Índico. A atmosfera marítima proporciona um clima mediterrâneo. Os verões são quentes e longos e os invernos são muito frios e nas localidades montanhosas, a neve é frequente.
Os vinhedos são protegidos pelas lindas e magníficas barreiras montanhosas e os variados tipos de solo traduzem um terroir único, diferenciado, o que favorece ao cultivo das uvas e proporciona aos seus vinhos um caráter elegante, sofisticado, distinto, que somente a África do Sul pode oferecer.
Muito evoluiu a África do Sul nas últimas décadas. A prosperidade era efetiva. Mas, é indiscutível que o cenário político-econômico do país ainda está longe da realidade que todos esperam alcançar.
Vale relembrar que o ex-presidente Jacob Zuma, que estava próximo ao fim do segundo mandato, eleito democraticamente, recentemente renunciou ao cargo após centenas de denúncias de corrupção. Foi um período conturbado até sua renúncia.
Seu vice, Cyril Ramaphosa assumiu a presidência numa situação bastante complicada. A África do Sul possui um índice de desemprego que esbarra nos 30% da população economicamente ativa. Os níveis de pobreza são elevados e as instituições estatais enfrentam diversos problemas.
Mas esses apuros não debilitam o otimismo e a coragem dessa nação. Todos estão de mãos dadas. É iminente a necessidade de alavancar a economia novamente e a atividade vinícola contribui amplamente com esse propósito.
A África do Sul não tardará à reconquista da evolução econômica. O passado recente comprova esse fato. Uma simples revisão nas estatísticas de exportação certifica essa exposição. No ano 2000, dez anos após o fim do apartheid, a exportação de vinhos da África do Sul conquistava o patamar de mais de 20 milhões de litros. No ano de 2010, esse número chegava perto dos 400 milhões de litros.
O mundo todo testemunhou essa grande arrancada.
Muitas são as iniciativas na recuperação desses objetivos. O seguimento privado está muito empenhado em parcerias com as estatais. Desde cursos de capacitação, formação e aperfeiçoamento para jovens até aos altos investimentos em técnicas de vinificação.
Existem inúmeras ações e competentes organizações de marketing, como a Wines of South Africa (WOSA) que se dedicam com afinco a notabilizar os vinhos sul africanos em todo o planeta.
Mesmo com todas as dificuldades o contexto é animador. As iniciativas governamentais visam beneficiar toda a população e os investimentos privados, também abrangem todo o país. Principalmente no extremo sudoeste, onde se situa a península do Cabo. Nessa localidade, os vinhedos se expandem e a indústria vinícola se agiganta. Grandes cooperativas se destacam. Muitas novidades estão por vir e com preços excelentes, garantem os vinicultores.
Na região vinícola do Cabo destacam-se as cidades de Paarl, Constantia e Stellenbosch.
As uvas cultivadas na África do Sul são as clássicas Pinotage, criada neste país, além da Syrah, Cabernet Sauvignon, Merlot, Chenin Blanc, Chardonnay e Sauvignon Blanc, entre outras que produzem vinhos maravilhosos.
O destaque fica por conta da Pinotage, uva tinta desenvolvida em 1924, pelo professor Abraham Perold. Esta cepa originou-se do cruzamento da Cinsaut com a Pinot Noir e se tornou a cepa nacional da África do Sul. Nesse país, a uva Cinsaut é apelidada por Hermitage. Daí a origem do nome Pinotage.
Os vinhos elaborados com a uva Pinotage podem variar de corpo médio a encorpado, com grande estrutura. São vivos, longevos, de cor vermelha cereja madura e aroma frutado, característico do terroir sul africano. Seu sabor peculiar que traduz framboesa conquistou adeptos do mundo inteiro, principalmente após a África do Sul ter ressurgido para o mercado internacional no início dos anos 90. Para quem gosta de experimentar sabores diferentes, fica aqui uma ótima sugestão.
Todo ano, nesse país, acontece a Top Ten Pinotage com o objetivo de premiar os melhores vinhos varietais dessa cepa. Os olhos do mundo estão fixados nesse evento que vem ganhando destaque ano após ano.
O cultivo da uva Pinot Noir foi outro investimento que apresentou excelentes resultados. O entusiasmo dos produtores sul africanos e a elaboração de exemplares surpreendentes com esta variedade, ganhou fama em todo o planeta. Nas exposições internacionais esses vinhos alcançam grande êxito.
A qualidade e as características de seus espumantes são igualmente muito apreciadas no mundo todo.
As uvas brancas também fazem grande sucesso. A Chenin Blanc ainda predomina. Outra uva que se destaca é a Colombard, usada na elaboração do conhaque, muito conhecido e apreciado mundo afora.
Assim também, os vinhos fortificados se destacam. Os nomes são identificados com a região do Cabo de que são provenientes, como Cape Ruby, Cape Tawny, Cape Vintage Reserve ou Cape Late Bottled. A cidade de maior produção dos fortificados é Calitzdorp em Klein Karoo. Outras regiões produzem excelentes exemplares, porém, em menor produção.
Cada região da África do Sul desenvolve uma qualidade de uva característica. O solo é muito variado e, em sua maioria, são ácidos e argilosos. Os vinhos expressam sua procedência. A moderna vinificação regional permite que essa expressão seja a mais natural possível. Essa é uma das razões do sucesso, garantem os produtores, para o deleite dos apreciadores.
É muito comum encontrarmos excelentes vinhos denominados Cape Blends. São assim denominados os conhecidos cortes. Geralmente, são vinhos com excelente relação qualidade x preço. Se ainda não experimentou, vale muito a pena provar. Esses cortes fazem enorme sucesso como “cotidianos” nas regiões metropolitanas do Cabo.
E por falar em região metropolitana, ocorre todo mês de agosto o Festival Gastronômico na cidade de Stellenbosch. Participam todos os restaurantes da cidade, seus hotéis e é claro… muitos vinhos. São três dias de festa, com pratos típicos e todos os vinhos da região.
A estrutura da cidade é excelente. Fica a dica para as próximas férias.
Quanto à legislação vinícola sul africana, se atribui aos vinhos um sistema regional de rotulagem. É gravado um selo Wine of Origin (WO) que garante que a safra e a uva possuem 85% do indicado no rótulo e também é designado a sua origem. Basicamente o que estamos acostumados a ler nos rótulos com a inclusão dos nomes das uvas, o que não ocorre no Velho Mundo.
Experimente os vinhos sul africanos. Perceba a diferença. A diversidade é uma das grandes nuances do mundo do vinho.
Se dê esse presente. Saboreie. Você merece.
Mas… não se esqueça da família. Não se esqueça dos amigos. Brinde com eles.
Divida a satisfação de experimentar esses vinhos.
Será simplesmente inesquecível.
Momentos que serão rememorados.
Um brinde aos vinhos sul africanos!!
Um brinde a todos nós!!!
SAÚDE!!!
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