Como é feito o vinho com mais de um tipo de uva?

Encontramos com facilidade no mercado o nome das uvas impressos nos rótulos dos vinhos. Muitos são produzidos com apenas uma variedade de uva, outros com mais de um tipo. Mas afinal, os diferentes tipos de uvas são misturados para elaboração dos vinhos ou misturam-se os vinhos já prontos?

Para que esse assunto fique bem claro, primeiramente vamos ver um pouco sobre a nomenclatura das uvas impressa nos rótulos. Vamos entender tudo isso agora.

A especificação do nome das uvas nos rótulos dos vinhos produzidos em larga escala é um atrativo adotado recentemente. A estratégia admitida pelos produtores americanos, que aderiram essa prática dos produtores da região francesa da Alsácia, teve início somente no século passado.

Mas, foi no início da década de 1960, através de Robert Mondavi, um dos ícones da produção vinícola americana, que essa prática se consagrou.

Essa característica foi adotada por vários países fora da Europa.

Hoje, muitos países que produzem vinhos de excepcional qualidade adotam esse sistema, ou seja, estampam o nome das uvas nos seus rótulos.

A prática americana foi seguida pelos australianos e muitos outros depois. Hoje, principalmente nos países do Novo Mundo, a maior parte adota esse sistema de especificação, inclusive o Brasil e todo cone sul.

Nomes como Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir, Cabernet Franc, Chardonnay, entre muitas outras estão cada dia mais presentes na culinária mundial e suas harmonizações, na mesa dos restaurantes, das famílias, nas lojas especializadas e na vida de muitos apreciadores, de acordo com o estilo e preferência de cada um.

Mas, na grande maioria dos países produtores europeus o nome das uvas não aparece nas legendas. A filosofia predominante é estampar no rótulo a região de origem do vinho ou ainda de forma mais precisa, o nome do produtor, assim como a região, o lugar, o estabelecimento, a propriedade onde o vinho foi elaborado.

Assim, defendem e sustentam suas tradições, preservam suas culturas, se dedicam a um cultivo legitimado por muitas gerações, dedicam-se às clássicas variedades específicas de seu lugar e buscam refletir nos rótulos de seus vinhos os sabores essenciais da região, do solo, do clima, do “terroir” tão aclamados e orgulhosamente exaltados por seus produtores.

Dessa forma, é reconhecida a variedade de uva usada na produção de acordo com a região de origem do vinho.

Algumas vinícolas tradicionais localizadas em Portugal, por exemplo, elaboram seus vinhos e também não especificam nos rótulos as variedades de uvas utilizadas. São vinhos de excepcional qualidade, aclamados no mundo todo.

No caso dos fortificados Vinhos do Porto não são divulgadas as uvas utilizadas assim como em muito outros produzidos em todo país, sejam tintos ou brancos. Os vinhos portugueses são maravilhosos, de reconhecida qualidade e possuem apreciadores no mundo inteiro.

Outro exemplo clássico de vinhos elaborados com várias uvas e reconhecidos em todo planeta por suas qualidades notáveis e sublimes, vem da região francesa de Châteauneuf-du-Pape. Na produção desses vinhos é permitido pela legislação local o uso de até treze tipos de uvas diferentes. As variedades escolhidas ficam a critério dos enólogos e vinicultores.

Mas, afinal…  como os profissionais vinicultores dominam essas misturas?

Se você optou em arriscar que as uvas são misturadas… Nada disso. Os vinhos são misturados delicadamente na obtenção das propriedades supremas. Essa técnica é muito apurada. Uma verdadeira arte na elaboração de vinhos de qualidade.

As uvas são colhidas separadamente, ou seja, cada variedade no seu determinado tempo de colheita. Uma variedade amadurece num período de tempo diferente das outras. Depois são levadas à fermentação e à produção de cada vinho individualmente. Somente depois dos vinhos prontos – e às vezes isso pode levar até meses – os vinhos armazenados em tonéis são misturados.

Mesmo na elaboração de vinhos varietais, ou seja, produzidos com uma variedade de uva em maior percentual, esses vinhos também possuem um percentual de mistura de 25% de outras castas.

Para ficar mais claro, um vinho Merlot, por exemplo, pode estar mencionado no rótulo como varietal, mas a legislação permite que no mínimo 75% sejam de Merlot e os outros 25% o vinicultor escolhe de acordo com sua necessidade de arredondar seus taninos, por exemplo, ou ampliar sua acidez, ou dar mais estrutura, contrabalançando os pontos fortes e os fracos buscando um equilíbrio ou um nível mais elevado de elegância, de acordo com seu gosto.

Portanto, os vinhos são misturados com muito talento, muita dedicação, profissionalismo, competência e maestria.

Assim são elaborados os vinhos com mais de um tipo de uva, ou seja, os denominados cortes, os blends ou assemblages.

Fazer dessa mistura um produto final de nível de qualidade elevado, um vinho fino, elegante, saboroso, redondo e maravilhoso é a grande arte. É o diferencial que produtores do mundo todo se dedicam e se empenham em conquistar.

Muitos apreciadores defendem os cortes como os verdadeiros e saborosos vinhos.

Porém, outros sustentam que os varietais é que traduzem, refletem e expressam a essência de seu “terroir”.

É exatamente aí, nessa variedade de sabores, na enorme diversidade de castas, na complexidade quase infinita de estilos de vinhos elaborados no mundo todo que encontramos o verdadeiro glamour, o prazer de provar suas características, suas peculiaridades e qualidades.

Experimentar e saborear as novidades. O vinho é isso. Isso é o melhor de tudo.

Descobrir e se encantar.

Um brinde aos defensores dos varietais e dos cortes!

Um brinde aos amigos!!

SAÚDE!!!


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