Cada pessoa possui uma forma peculiar de adquirir seus vinhos. Umas preferem determinada vinícola ou produtor. Outras preferem obter pelo país de origem ou região. Boa parte dos apreciadores procura pela uva com que ele foi elaborado. E você, o que pesa na sua decisão?

Antes de tomarmos qualquer iniciativa para responder, vamos considerar, rapidamente, alguns fatores simples, porém, bastante importantes e que podem facilitar muito nossa opção.
Primeiramente é necessário deixar bem claro que todas as variedades de uva possuem aspectos negativos e positivos, ou seja, para se elaborar um grande vinho é necessário explorar ao máximo as qualidades da uva e tentar eliminar ou minimizar os fatores negativos ou suas deficiências.

Com esse propósito, todos os produtores desejam colocar no mercado, seja interno ou externo, vinhos com referências elevadas de qualidade. Para conquistar o patamar desejado é necessário buscar alternativas sábias. Assim, com tecnologia, talento e muita competência, utilizam o processo de corte, como é denominado aqui no Brasil, ou assemblage, na França ou blend, termo em inglês que significa elaborar um vinho usando variedades de uvas diferentes. O principal objetivo dos enólogos é alcançar o equilíbrio entre as variedades de uvas e elaborar vinhos excepcionais, de qualidade diferenciada, únicos.

Porém, vale ressaltar que um vinho maravilhoso, classificado como varietal, que é o termo utilizado para especificar que o vinho foi produzido com apenas uma variedade de uva, como por exemplo, um Cabernet Sauvignon ou um Merlot, também pode ter sido utilizado em sua produção outras castas de uvas. Sim, isso é, inclusive, permitido pela legislação. No Brasil, as normas permitem que sejam classificados como varietal os vinhos que possuírem percentual da uva predominante, igual ou acima de 75%, ou seja, os outros 25% podem ser utilizado outras variedades de uvas na busca de um equilíbrio impecável conforme o objetivo do enólogo ou produtor.
Os vinhos produzidos na Austrália ou na África do Sul, por exemplo, a legislação permite que um varietal seja composto de 85% da uva principal. Nos Estados Unidos é de 90%, mas existe uma variação em alguns estados.
Portanto, se você escolhe um vinho porque gosta somente de uma determinada uva, saiba que nem sempre o vinho escolhido é elaborado somente com aquela uva, embora sejam classificados como varietal.

Essa sábia mistura tem como objetivo, por exemplo, corrigir a cor, a suavidade, o nível de acidez do vinho, o frescor, ou dar maior volume ou corpo à bebida. Isto ocorre quando o enólogo ou mesmo uma equipe da vinícola composta por vários profissionais busca um determinado estilo ou sabores específicos.
Se você está pensando que isso não te agrada e não escolheria um vinho com esse caráter, saiba que muitos nobres e aclamados vinhos de Bordeaux na França são, tradicionalmente, elaborados dentro desse conceito. Outro sucesso mundial é produzido com as uvas Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier que resulta no enaltecido e requintado Champanhe francês. Outro vinho francês que ganhou fama mundial, o Châteauneuf-du-Pape é exemplo de êxito absoluto de corte ou assemblage. Em sua composição podem entrar até treze uvas diferentes.

São apenas alguns exemplos para muitas pessoas que generalizam e dizem não gostar de vinhos de corte. Não há necessidade, mas poderíamos citar centenas de vinhos fascinantes, elaborados dentro desse estilo para que todos percebessem que estão diante de vinhos deslumbrantes e extraordinários. São as misturas que lavem ouro.
Portugal foi um dos pioneiros a elaborar grandes vinhos de corte. Também são chamados de lote em muitas regiões portuguesas. Hoje, grande parte da produção portuguesa, também especifica as uvas utilizadas e o valor percentual de cada variedade nos seus rótulos.
Essas técnicas são utilizadas em vários países no mundo inteiro com sucesso pleno, total e absoluto.

Acreditamos que ajudamos a aumentar suas opções para facilitar suas escolhas.
Portanto, se ocorria algum bloqueio ou preconceito na hora de decidir quanto aos vinhos de corte, repense sua forma de escolher.
Infelizmente, não podemos generalizar. É necessário ler os rótulos com muita atenção. Existem muitos produtos no mercado que não merecem nossa atenção.
Um produtor de prestígio, uma vinícola conceituada, uma considerada indicação, são aspectos que devemos sempre admitir para evitarmos uma aquisição que não nos agrade.
Mas, quando acertamos em cheio…
Ahhh… Não esqueça os amigos.
Um brinde a nossa amizade e nossos encontros por aqui.
SAÚDE!!!
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