Ano passado, no Expo Center Norte em São Paulo, no período de 14 a 16 de junho, a EXPOVINIS BRASIL completou e comemorou vinte anos de sucesso. Realizado anualmente, é o maior evento da América Latina relativo ao mundo do vinho e apresentou na edição 2016, entre várias atividades, as novidades e as tendências do setor. Contou também com a participação de produtores nacionais e internacionais, distribuidores, importadores e muitas empresas do ramo.
O evento este ano de 2017 será do dia 06 a 08 de junho, no mesmo Center Norte e está com uma programação recheada de assuntos relevantes e muito interessantes. Cerca de cinco mil rótulos de vários países serão apresentados por lá. Isso sem falar nas empresas produtoras de acessórios, taças, brindes, etc. É o destaque conquistado pela qualidade do vinho brasileiro e um mercado altamente promissor.
Logo no primeiro dia da feira, a programação tem início as 08:30 horas. Na agenda das 13:30 horas, o tema é “ Vinhos do Brasil – Conheça regiões que estão produzindo vinhos de alta qualidade com características específicas e diferentes das regiões tradicionais” e aborda também um tema correlato “ A Diversidade das Regiões Vitivinícolas Brasileiras”.
Logo após, o tema é “Vale do São Francisco” e as palestras e debates prosseguem abordando outras regiões e temas diversos. Para os amantes do vinho, vale muito a pena aparecer por lá.
Porém, o que quero ressaltar é o destaque que conquistou o “Vale do Velho Chico” e o sucesso de suas uvas e vinhos. Na EXPOVINIS BRASIL, merece pauta exclusiva. Afinal, esta região quebrou o paradigma das regiões vitivinícolas europeias mais tradicionais ou mesmo do cone sul. Mas… não foi por acaso.
Muitos estudos, pesquisas, muita dedicação e trabalhos incansáveis para conseguir os resultados esperados num solo árido, um clima extremamente seco sujeito a altas temperaturas e onde a chuva pouco ou raramente aparece. Os vinhos mais famosos do mundo, como os franceses, italianos, são provenientes de vinhedos com características muito, mas muito diferentes mesmo das apresentadas no Vale.
A inspiração veio da região do Alentejo em Portugal. Com temperaturas semelhantes, ou em torno de 40 graus centígrados, produz uvas viníferas que resultam em vinhos de grande qualidade. O que há por lá é exatamente o que ocorre no Vale e os enólogos classificam como “constância climática”. Isso faz a diferença. Exatamente ao contrário do clima frio que atraiu os imigrantes europeus, principalmente os italianos para a região sul de nosso país. Mas é exatamente neste clima nordestino, de sol escaldante mas de beleza inegável que está a motivação, a pulsação, a realização desafiante de produzir vinhos finos de qualidade que despertam os olhares do mundo inteiro.
Há alguns anos atrás era quase impossível se imaginar que o solo sertanejo produziria frutas tipo exportação, muito menos ainda que sairia dali uvas viníferas e, consequentemente, vinhos finos de excelente qualidade.
É verdade que a região do Vale é pequena em relação ao nosso país e a área vitivinícola é distribuída apenas entre os estados da Bahia e Pernambuco. Mas produzir duas ou quase três safras ao ano, é superar as expectativas antes quase inimaginável.
Somente Lagoa Grande, município do Estado de Pernambuco, localizado às margens do São Francisco, conquistou uma produção anual de mais de vinte milhões de quilos de uvas, possui cerca de dez vinícolas que geram mais de dez mil empregos.
A Vinícola Santa Maria, responsável pelas marcas Rio Sol e Paralelo 8, entre outras, também está no município. Seus vinhedos contam com mais de vinte e cinco tipos de uvas diferentes em cento e sessenta hectares cultivados e sua produção anual atinge, entre vinhos e espumantes, mais de um milhão e trezentos mil litros, destinados ao consumo interno e à exportação.
Ainda no Vale, no município de Casa Nova, agora do outro lado, no Estado da Bahia, com condições climáticas muito parecidas, está situada a Fazenda Ouro Verde, a maior concorrente da Rio Sol na região. Seus duzentos hectares de vinhedos são responsáveis por quatro milhões de litros, destinados, também, ao consumo interno e externo. Esta propriedade pertence ao Grupo Miolo e fabrica vinhos varietais como o esplêndido Testardi Syrah. Por ser produzido em solo árido, a palavra Tesdardi é originária do italiano que significa persistência, perseverança ou obstinação. É um vinho equilibrado, de excelente corpo, que estagia em barricas de carvalho francês por doze meses.
A produção de vinhos do Vale do são Francisco é responsável por 15% da produção nacional e atrai milhares e milhares de pessoas para visitarem suas tendências vitivinícolas. Isso sem falar na riqueza natural da região, com espécies silvestres em extinção como papagaio, a arara azul, o pica pau verde barrado, o periquito da caatinga, entre outras. Os aspectos ambientais são indescritíveis. A beleza do lugar é inegável e extremamente atrativa.
Além de todo encantamento com o lugar, a cidade de Lagoa Grande proporciona aos seus visitantes e toda a gente da região a festa da uva e do vinho conhecida como “Vinhuva Fest”. Os visitantes podem participar das degustações, conhecer algumas vinícolas, passear nos vinhedos, aprender sobre as videiras e todo processo de produção dos vinhos.
A partir do ano de 2011, o Vale do São Francisco incluiu no seu roteiro enoturístico, o “Vapor do Vinho”, uma parceria entre algumas empresas como a Vinícola Terranova da Miolo Wine Group, Fazenda Fortaleza com apoio dos órgãos de turismo local. Ao preço de R$ 145,00 por pessoa, a embarcação sai as 8:30 horas e retorna as 17:30 horas. No passeio pelo rio, com música ao vivo, está incluso o almoço, exceto bebidas, passagem pela eclusa da barragem de Sobradinho e visita à Vinícola Miolo com degustação de vinhos.
Um lugar que encanta. Uma região que se diferencia pelo desenvolvimento, pelas novidades que apresenta, onde vive uma gente simples e muito acolhedora.
Não deixa para depois. Não pense duas vezes. Vale a pena um passeio por lá.
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