Para obtermos todas as informações sobre um determinado vinho, devemos ler atentamente seu rótulo e ficarmos atentos às nomenclaturas expostas. Mesmo assim, alguns termos e expressões nos deixam em dúvida. Cada país, cada região, ou até mesmo cada produtor ou vinícola diferente adota suas próprias designações e referências. É um desafio muito agradável aprender, entender e dominar essas descrições e significados que fazem parte do charmoso e requintado mundo do vinho.
Os termos usados nos rótulos para classificação e especificação dos vinhos no mundo todo têm como principal objetivo apresentar ao consumidor o máximo de informação possível da origem, das características e qualidades do produto.
Porém, isso requer um pouquinho de conhecimento, prática e domínio dos apreciadores e mesmo assim, ainda desconcerta muita gente. Mas, nada que possa interferir na alegria e animação de nenhum entusiasta.
Na França, por exemplo, existem algumas denominações que expressam os atributos dos vinhos de uma determinada região. A legislação francesa classifica como Appellation d’Origine Controlée (AOC) que identifica os melhores vinhedos ou vinícolas, numa determinada região geográfica. Dentro dessas AOCs existem algumas categorias como “Premier Cru”, “Grand Cru Classé” e “Premier Grand Cru Classé”.
Porém, essas categorias hierárquicas variam conforme a AOC e de acordo com cada região. Em Bordeaux, por exemplo, os châteaux são divididos em cinco categorias: do premier ao cinquième cru. Porém, em St-Émilion, na margem direita do estuário do Gironde, a categoria mais elevada é o premier grand cru classè. Na Borgonha, são os vinhedos os classificados e não os châteaux. Os grands crus estão no topo seguidos pelos premiers crus.
Parece confuso, não é mesmo? Mas, é muito simples. As categorias variam apenas em algumas regiões.
Os melhores vinhedos de Champagne também são classificados como grands crus seguidos dos premiers crus.
Na Itália também são utilizados alguns termos que despertam a curiosidade dos apreciadores.
O termo “Passito”, por exemplo, estampados em alguns rótulos significa que é um vinho elaborado com uvas passificadas, ou seja, uvas que passaram por um processo de secagem, quase passas, com pouco líquido e elevado teor de açúcar. São vinhos finos maravilhosos e de qualidade excepcional.
Outra expressão que encontramos em rótulos italianos é “Ripasso” que significa que o vinho foi repassado na borra (restante de uvas que ainda contém açúcar para fermentação). É uma técnica muito usada para elaboração de vinhos requintados, de elevada qualidade e paladar fascinante.
São apenas alguns exemplos de linguagens que expressam a soberania e excelência de vinhos diferenciados, de regiões consagradas e da competência dos produtores.
Na Espanha, também existem alguns termos peculiares. Para quem ainda não está familiarizado chega a ser bastante curioso. Vamos entender isso agora.
Como vimos, a categoria “Grand Cru” na França, caracteriza uma propriedade onde são elaborados vinhos excepcionais, sob a regência de vinicultores dedicados e determinados a alcançar a sublimidade aliados a um terroir de qualidade primorosa. Esta categoria é semelhante a um pequeno e extraordinário vinhedo espanhol denominado “Pagamento”.
Portanto, “Pagamento” é um termo usado na Espanha que evidencia as características de um pequeno vinhedo deste país e o elevado nível de suas uvas que produzirão vinhos da mais alta qualidade, denominados “Vinhos de Pago”.
A menção realçada nos rótulos dos vinhos espanhóis “Vino de Pago”, traduz vinhos de alta qualidade. São produtos procedentes de parcelas geográficas pequenas, de microclima e solos notáveis, onde as uvas se desenvolvem sob cultivo cuidadoso e refletem sua origem, ou seja, seu terroir.
Devemos ressaltar que Vinho de Pago é a mais elevada classificação de avaliação espanhola. A Denominação de Origem de Pago (DO Pago) é aplicada a uma categoria reservada de vinhos de qualidade suprema e que preservam esse histórico.
Portanto, o vinho de Denominação de Pagamento é superior à Denominação de Origem Qualificada (Denominación de Origen Calificada).
Castilla de la Mancha é a região espanhola que possui o maior número de “Vinhos de Pagamento”. Depois, é seguida por Navarra.
A Propriedade Vinícola de Arínzano, na região de Navarra, apresentou durante anos as qualidades soberanas de seu terroir e foi a primeira a ser reconhecida com a certificação de “Vinho de Pago” no Norte da Espanha.
Em todo território espanhol são produzidos vinhos da mais alta qualidade que expressam o caráter único de seus vinhedos que revelam um cultivo criterioso e afloram a dedicação de seus vinicultores. Não somente os pagamentos, mas todas as denominações esforçam-se continuamente para manter o mais requintado e sublime nível de qualidade de seus vinhos.
Ainda sob a observação dos termos usados nos rótulos dos vinhos é importante salientar que na região da Catalunha, no Nordeste da Espanha, onde está o maior número de denominações (DO) deste país, existe um sistema de classificação único dessa região. Obedece os mesmos critérios das demais, porém, com outras nomenclaturas. Os Vinhos de Pago ali são denominados “Vi de Finca”. Além dos rigorosos e semelhantes critérios dos pagamentos, os vinhos para serem classificados como Vi de Finca devem possuir um histórico de produção há mais de cinco anos sob a “Denominación d’Origine Penedès.
Na Catalunha, tanto os produtores quanto os apreciadores do Vi de Finca exaltam orgulhosamente esses vinhos que estão presentes diariamente em suas mesas e fazem parte de sua honrada cultura.
Apesar de a Espanha cultivar, aproximadamente, seiscentas variedades de uvas diferentes, raramente elas são exibidas nos rótulos dos vinhos. Tintos, brancos e rosés maravilhosos são elaborados em todas as regiões deste país que possui a maior área plantada de vinhas do mundo. São aproximadamente 1,2 milhão hectares distribuídos por todas as regiões da Espanha.
O Cava, espumante espanhol, possui alta qualidade e é apreciado no mundo todo.
Quanto aos vinhos brancos destaca-se a uva Airén, que é a uva branca mais cultivada, seguida das uvas Palomino, Macabeo ou Viura e Pardina.
Mas, os vinhos tintos prevalecem. A uva tinta Tempranillo ganha notoriedade perante as demais, seguida das uvas Cariñena, Monastrell, Bobal e Garnacha.
Encontramos ainda, nos rótulos dos vinhos espanhóis, termos como “Crianza” que são vinhos que passaram pelo menos 6 meses em barris de carvalho e 18 meses na garrafa antes de serem distribuídos para o consumo. O termo “Reserva” significa que o vinho passou por um período de 3 anos em barril e os vinhos “Grand Reserva” passaram pelos menos 18 meses em carvalho e 5 anos na garrafa.
A Espanha é isso!! São muitos os vinhos, são muitos os sabores!!
Ainda tem dúvidas sobre o próximo destino?
Agora que já conhecemos um pouquinho mais sobre os vinhos espanhóis e sabemos o que é um Vinho de Pago, não haverá mais espaço na adega.
Na pirâmide de qualidade dos vinhos espanhóis, o Vinho de Pago está no topo, ponto extremo do primor e requinte.
E para nós, aqueles que amamos também estão no topo, assim como nossas alegrias, nosso entusiasmo, nossas satisfações e nossos êxitos.
Um brinde a esses valores que estão no topo, que não temos como mensurar!!
Um brinde ao que também está no topo, nossa amizade e nossa união!!
SAÚDE!!
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